O QUE É
Para produzir mais e melhorar as condições de vida de suas famílias, agricultores do Assentamento Oziel Pereira, em Remígio, Semiárido da Paraíba, estão apostando em bancos de sementes comunitário.
A ideia foi inspirada pela experiência do agricultor Paulo Alexandre da Silva, que se mudou para o Assentamento com a esposa Josefa Rosalina da Silva e seus três filhos. Com ele, levou também as sementes que guardava.
“Toda vida fui guardião da semente. Quando fui plantar, vi que meus companheiros não tinham. Aí, fomos procurar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Remígio (STR) e o Polo Sindical. A ideia era montar um banco de sementes aqui na comunidade”, conta.
Seu Paulo fez a doação de alguns grãos e, em 2002, procurou o STR e o Polo Sindical na tentativa de implementar um banco de sementes crioulas na região. Deu certo.
Em 2015, com o projeto Sementes do Semiárido, implementado pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA-PB), pela ASPTA e pelo STR, em parceria com o Governo Federal, os agricultores construíram uma nova casa para o banco de sementes, que até então ficava num quartinho da casa de Seu Paulo.
Hoje, são 32 sócios e a variedade no estoque é grande, com sementes difíceis de encontrar na região. Eles interagem com outros quatro bancos de sementes comunitários de Remígio, por meio de uma comissão municipal, que se reúne para discutir plantio, colheita, formação e gestão dos bancos. A comissão, por sua vez, está ligada à uma comissão temática maior do Território da Borborema.
Guardar sementes é uma tradição que ajuda a preservar a memória e a identidade locais, contribuindo para fortalecer a soberania alimentar.
Por que sementes da paixão?
Na Paraíba, as sementes crioulas são conhecidas como sementes da paixão.
O nome veio por causa da declaração de amor feita por um agricultor no 1º Encontro Estadual de Sementes Crioulas, promovido pela ASA Paraíba, em 2000. Quem conta é Euzébio Cavalcante de Albuquerque, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Remígio (STR).
O agricultor se chamava Dodô e garantia que as sementes guardam histórias, conservam as memórias daqueles que já se foram e as nossas melhores lembranças daqueles que passaram por nossas vidas e compartilharam suas sementes conosco.
Nas terras de Seu Dodô, só entram sementes nativas. Ou, como ficaram conhecidas, sementes da paixão.