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Boas Práticas na Convivência com o Semiárido
+ BOAS PRÁTICAS
GESTÃO DAS ÁGUAS

Terreiro aéreo

O QUE É

Da soma de criatividade e experimentação surgiu o terreiro aéreo, tecnologia que capta água no Semiárido por meio de uma lona presa em estacas, de forma inclinada, por onde escorre a água da chuva captada. Simples de fazer e de reaplicar.

A ideia se deu a partir da observação da natureza e da necessidade de armazenar mais água para os períodos de estiagem. O que motivou o agricultor experimentador José Nobre, o inventor da tecnologia, foi a ideia de que seria possível potencializar a atuação da cisterna calçadão que tem em sua propriedade.

Com o terreiro aéreo, Seu Zé Nobre e sua esposa, Dona Josefina, aumentam as formas de captar e armazenar água para regar a horta e dar de beber aos animais.

“Os vizinhos acham um pouco estranho, mas todo mundo vê que não é mentira minha, porque eles veem a água caindo, veem que eu utilizo a água. Se alguém quiser é só chegar pra mim que eu ensino com o maior prazer, sem cobrar nada”, diz o experimentador.

Canteiros econômicos e reuso de água cinza com filtro biológico

O QUE É

Integração é palavra-chave nas terras de Seu Aureliano e Dona Liduina. No Sítio Arueiras, onde vivem, compostagem, reuso de águas cinzas e canteiros econômicos funcionam de forma integrada e com base em princípios agroecológicos.

O canteiro econômico é uma tecnologia social que utiliza uma pequena quantidade de água para a produção de hortaliças – a principal diferença entre eles e os canteiros tradicionais é o volume de água que se utiliza para manter as produções.

Por sua vez, o sistema de reuso de água com filtro biológico tem o diferencial de utilizar minhocas para fazer o tratamento da água que vem da caixa de gordura, evitando mau cheiro, num processo orgânico de decomposição dos restos alimentares.

Com mais água para produzir e melhor qualidade do solo, a produção se fortaleceu, contribuindo para gerar renda fixa para a família.

Tanta boa prática reunida ampliou também a variedade do que produzem. No quintal é possível encontrar berinjela, couve, coentro, gergelim, cebola, pimentão, frutas e flores.

Barragem subterrânea

O QUE É

Para armazenar água da chuva em sua propriedade, o agricultor Marcondes Lima Dias não pensou duas vezes: resolveu construir uma barragem subterrânea – a primeira em seu município. A tecnologia funciona como um reservatório, armazenando a água das enxurradas e de pequenos riachos intermitentes.

O motivo da escolha de Marcondes é que a barragem acumula uma grande quantidade de água em um curto intervalo de tempo, com capacidade para até 25 milhões de litros.

A decisão em implantar a barragem subterrânea tem razão de ser: ela melhora as condições para a produção de alimento e fornece água para dar de beber aos animais, facilitando também a rotina doméstica.  Além disso, o agricultor queria criar condições para trazer os irmãos, que foram trabalhar em São Paulo, para perto. “Com uma tecnologia dessa a gente tem a perspectiva de melhoria de qualidade de vida, gerar emprego e renda e trazer a família de volta pra ficar todo mundo unido, né? ”, comenta.

A barragem fica em Piranhas, no Semiárido de Alagoas. É lá que o agricultor exerce suas atividades, entre elas, a criação de hortas e animais.

Sistema integrado de reservas d’água

O QUE É

Encontro das águas! Foi seguindo o fluxo delas em suas terras que Seu Heleno, pouco a pouco, montou um sistema de captação e reserva de águas, composto por cisternas, tanque e cacimbão. Com esse complexo, é possível armazenar até 115 mil litros de água e fazer uma melhor gestão desses recursos no sítio onde vive com sua esposa, Dona Branca.

Para aguar a plantação, o casal utiliza técnicas simples de irrigação por gotejamento com garrafas plásticas e mangueiras.

Além dos reservatórios, a família investe no replantio da mata nativa e em técnicas como o barramento, feito no sentido contrário ao caminho das águas, que impede que a água da chuva corra com muita velocidade na terra, diminuindo a erosão e ganhando mais tempo para penetrar no solo.

Seu Heleno avisa:

É sempre a natureza quem mostra o caminho que se deve seguir.

Horta-mandala

O QUE É

“Mandala é uma mãe que sustenta a família”. Assim, o agricultor Valter Francelino Pereira, conhecido como Seu Pelé, se refere à horta-mandala, tecnologia social que alia produção agroecológica de alimentos e criação de peixes e aves.

Com ela, os plantios são feitos de forma circular e consorciados entre si. Ao centro, um tanque de água para os animais. A mandala de Seu Pelé, no Semiárido do Ceará, tem seis deltas produtivos, com nove canteiros cada um. São 54 canteiros, sendo que 30 estão sendo cultivados. No tanque, ele cria tilápia para alimentação da família.

Nas terras do agricultor, tem diversificação produtiva e alimentação saudável. O solo está mais fértil para plantar couve-manteiga, alface, tomate-cereja, beterraba, pimentão, entre outras variedades. Acelga e brócolis são as novas apostas de Seu Pelé, que quer saber como elas funcionam de forma consorciada com os demais plantios.

Foi caminhando rumo à agroecologia que o agricultor e sua esposa, Dona Marta, conseguiram ter uma horta-mandala associada à construção de uma cisterna calçadão: “O importante da agroecologia são vários fatores. Não é só deixar de usar veneno. Agroecologia é vida. Tem que cuidar do rio, das margens, dos pássaros, da terra, do lixo, não queimar”, diz o agricultor.

Seu Pelé e Dona Marta avisam que a mandala exige muita dedicação e paciência. A boa notícia é que traz resultados rápidos. E dos bons!

Reuso de águas cinzas

O QUE É

No lugar do descarte, o reaproveitamento. Com o sistema de reuso, as águas utilizadas no chuveiro, no lavatório, na pia de cozinha, no tanque ou na máquina de lavar podem ser reaproveitadas, após um processo de filtragem.

É sobre isso que trata essa experiência desenvolvida pela agricultora familiar Andrea de Amorim da Silva e outras 17 integrantes do Grupo Mulheres Idealistas em Congo, no Semiárido da Paraíba.

A tecnologia de reuso serve para fornecer água para a produção de alimentos e outras atividades domésticas, além de ajudar na redução da contaminação ambiental. Ao dar novo uso às águas que, sujas, seriam descartadas, evita-se aquela situação de “esgoto a céu aberto” ao mesmo tempo em que se aumenta a oferta de água.

Foi num intercâmbio com mulheres de outros municípios, que Andrea e outras companheiras, conheceram o sistema de reuso de água. E, com o apoio da organização Cunhã Coletivo Feminista, instalaram três unidades demonstrativas do sistema, sendo uma delas na casa de Andrea.

O grande diferencial da experiência implementada em Congo é a participação das mulheres, que se envolvem em todo o processo. Associado ao processo de instalação da tecnologia, essa boa prática revela o aumento da autoestima feminina e seu reposicionamento na estrutura familiar.

Rede de produção e comercialização

O QUE É

União que faz crescer! Quando passaram a acessar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), agricultoras e agricultores do Assentamento Normandia, em Caruaru, no Semiárido pernambucano, viram no trabalho em conjunto um caminho para garantir a diversidade de produtos, com qualidade, quantidade e regularidade na oferta.

Ao invés de cada família ter uma banca para comercializar os produtos na feira da região, o que era comum, os agricultores do Assentamento começaram a mobilizar produtores de comunidades e municípios vizinhos com a ideia de somar forças. Assim surgiram cinco redes produtivas que, juntas, formam uma grande rede de comercialização. São elas:

1) Rede Produtiva de Tubérculos, Caprinos, Bovinos

2) Rede Produtiva de Avicultura

3) Rede Produtiva de Fruticultura

4) Rede Produtiva de Hortaliças

5) Rede de Mandioca e Milho

Foi dessa forma que esses agricultores conseguiram fortalecer a capacidade produtiva, acessar recursos e unir esforços para a construção da Agroindústria de Normandia.

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Artesanato com manejo sustentável

O QUE É

Natureza que se transforma em arte, numa relação harmoniosa e sustentável. É assim com a produção artesanal à base de palha de licuri e madeira caída de umburana na zona rural de Santa Brígida, Semiárido da Bahia.

Lá, os integrantes da Associação de Artesãos de Santa Brígida (AASB) confeccionam cestas, mandalas, porta-jóias, bolsas, descansos de panela, jogos-americanos, esculturas, entre outras variedades.

Além da geração de renda e do fortalecimento da cultura local, o artesanato vem contribuindo para aumentar a consciência ambiental de artesãs e artesãos, que já perceberam a necessidade de fazer o manejo correto do licurizeiro e da umburana para preservar a matéria-prima da arte que produzem.

E, para aumentar a produção e a capacidade de responder às demandas do mercado, o grupo de Santa Brígida uniu-se aos artesãos dos povoados de Serra Branca (do município de Euclides da Cunha) e Chuquê (em Jeremoabo) para formar o Polo da Palha do Licuri, iniciativa estimulada pela Associação Movimento João de Barro (MJB).

Mais gente trabalhando é mais gente preservando. Assim, o artesanato cresce de mãos dadas com a natureza.

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Banco de sementes comunitário

O QUE É

Para produzir mais e melhorar as condições de vida de suas famílias, agricultores do Assentamento Oziel Pereira, em Remígio, Semiárido da Paraíba, estão apostando em bancos de sementes comunitário.

A ideia foi inspirada pela experiência do agricultor Paulo Alexandre da Silva, que se mudou para o Assentamento com a esposa Josefa Rosalina da Silva e seus três filhos. Com ele, levou também as sementes que guardava.

“Toda vida fui guardião da semente. Quando fui plantar, vi que meus companheiros não tinham. Aí, fomos procurar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Remígio (STR) e o Polo Sindical. A ideia era montar um banco de sementes aqui na comunidade”, conta.

Seu Paulo fez a doação de alguns grãos e, em 2002, procurou o STR e o Polo Sindical na tentativa de implementar um banco de sementes crioulas na região. Deu certo.

Em 2015, com o projeto Sementes do Semiárido, implementado pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA-PB), pela ASPTA e pelo STR, em parceria com o Governo Federal, os agricultores construíram uma nova casa para o banco de sementes, que até então ficava num quartinho da casa de Seu Paulo.

Hoje, são 32 sócios e a variedade no estoque é grande, com sementes difíceis de encontrar na região. Eles interagem com outros quatro bancos de sementes comunitários de Remígio, por meio de uma comissão municipal, que se reúne para discutir plantio, colheita, formação e gestão dos bancos. A comissão, por sua vez, está ligada à uma comissão temática maior do Território da Borborema.

Guardar sementes é uma tradição que ajuda a preservar a memória e a identidade locais, contribuindo para fortalecer a soberania alimentar.

Por que sementes da paixão?

Na Paraíba, as sementes crioulas são conhecidas como sementes da paixão.

O nome veio por causa da declaração de amor feita por um agricultor no 1º Encontro Estadual de Sementes Crioulas, promovido pela ASA Paraíba, em 2000. Quem conta é Euzébio Cavalcante de Albuquerque, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Remígio (STR).

O agricultor se chamava Dodô e garantia que as sementes guardam histórias, conservam as memórias daqueles que já se foram e as nossas melhores lembranças daqueles que passaram por nossas vidas e compartilharam suas sementes conosco.

Nas terras de Seu Dodô, só entram sementes nativas. Ou, como ficaram conhecidas, sementes da paixão.

 

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Arte popular engajada

O QUE É

A arte que produzimos não está no palco parada
Está na terra plantada
Brotando convicção
Envolvendo uma geração
No movimento da história
No resgate da memória
A cultura vem na guia
Canta, dança rebeldia
Na luta rumo à vitória
(Rafaela Alves).

 

É luta em forma de arte! É arte em forma de luta!

O Grupo Cultural Raízes Nordestinas, do município de Poço Redondo, aposta na arte-educação, feita com e para jovens do Alto Sertão Sergipano, como estratégia de valorização da identidade sertaneja e melhoria da qualidade de vida das populações. A inspiração vem do que vivem e veem ao redor: o Semiárido e suas singularidades.

Associado a um movimento maior, de luta por terra, alimento e vida digna no sertão, o grupo contribui para manter o jovem no campo.

A experiência se destaca pela gestão e pela metodologia: são jovens formando jovens, fazendo da arte uma ferramenta de transformação do campo.

“O ponto chave do Raízes é que nossa arte dialoga com a realidade do nosso povo, as pessoas se veem na arte”, conta Jean Marx Santos dos Anjos, de 17 anos, um dos jovens do grupo.

Letícia Maria Batista Rafael, de 12 anos, completa: “A gente faz uma arte engajada na luta. Pega um tema da realidade e mostra paras pessoas em forma de teatro.

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Bioconstrução

O QUE É

Uma casa para os Encantados! A fabricação de tijolos ecológicos tem possibilitado a dez famílias da tribo Truká-Tupan melhores condições de vida no município de Paulo Afonso, na Bahia.

Com os tijolos ecológicos, a tribo pode desenhar e construir suas habitações de acordo com suas tradições e necessidades. E, além disso, respeitam o meio ambiente, não produzem queimadas nem desmatamento.

 “Economiza muito e é um grande respeito que a gente tem com nossas matas, com nosso barro. Não é porque estamos na terra que temos que destruir nossas matas”, declara a cacique Maria Erineide Rodrigues da Silva, mãe de Adriano.

A primeira construção da tribo foi a oca, lugar sagrado para o grupo, onde acontecem as celebrações e reuniões da comunidade com visitantes e parceiros de projetos locais.

Segundo a cacique, foram os Encantados que fizeram o pedido. Eles também orientaram sobre a construção: a porta tinha que ficar de frente para a mata e para a serra.

A tribo já construiu também o espaço da fábrica de tijolos e deu início à uma cozinha comunitária.

A bioconstrução a partir dos tijolos ecológicos é uma forma de viver em moradias melhores, com menor custo que os das construções convencionais. E mais: ela é uma construção ecológica, sustentável, que promove autonomia e tem uma estética que se harmoniza com o meio ambiente.

Esta experiência dos Truká-Tupan teve início quando Adriano Rodrigues da Silva, filho da cacique da tribo, descobriu a máquina manual para a fabricação desses tijolos, feitos à base de solo e cimento.

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Recuperação e proteção de nascente

O QUE É

O próprio nome sugere: recuperar nascentes é promover a vida! No Sítio Panelas, a 22 quilômetros da sede de Piranhas, no Semiárido de Alagoas, isso tem sido feito por meio de uma técnica agroecológica de recuperação da mata nativa e da construção de uma barreira de proteção das nascentes.

É lá que mora o agricultor Everaldo Rodrigues da Silva, que reaplicou a tecnologia. No sítio onde vive com a mulher e filhos, foi necessário deixar a mata da Caatinga se recuperar, sem fazer desmatamento e queimadas, para a estratégia ganhar fôlego.

Um dia, Everaldo viu na televisão que a mata no entorno protegia as nascentes e ele resolveu deixar a natureza trabalhar. “A mata nativa foi crescendo e eu fui deixando. Hoje, a água da fonte aumentou. Deve minar em torno de uns três mil litros por dia e dá tudo o que você plantar. Pode até irrigar com ela”, comemora.

Em volta da fonte de água preciosa que existe em sua propriedade, ele construiu uma proteção, pensando no futuro dele e dos seus: “Meus antepassados beberam dessa água e eu não sei se, com o tempo, os meus bisnetos vão precisar beber dela também para sobreviver”.

A recuperação e a proteção de nascentes melhoram o fornecimento de água e fortalecem a biodiversidade local, mantendo as águas limpas e puras, com qualidade para consumo humano, irrigação e dar de beber aos animais.

 

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Melipolinicultura

O QUE É

Doce parceria! De um lado, o ser humano, que contribui para multiplicar e preservar espécies de abelhas sem ferrão, fortalecendo o equilíbrio com a natureza. De outro, as abelhas, que fazem a polinização e garantem a preservação da biodiversidade local.  É essa a dobradinha que define a melipolinicultura, como é chamado o trabalho com abelhas nativas da Caatinga.

Uma dessas abelhas é a mandaçaia. Ela é sempre bem-vinda em Capim Grosso, na Bahia. Sua presença é boa para a polinização de plantas como licuri e umbu, fontes de renda de produtores do Semiárido. Mas práticas como desmatamento, queimadas e uso de inseticidas e agrotóxicos estão tornando a mandaçaia cada vez mais rara.

É neste contexto que entram em cena a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes) e sua parceria com o movimento Slow Food Brasil, com o projeto Fortaleza do Mel de Abelha Mandaçaia da Caatinga. Criado em 2015, ele integrando uma iniciativa maior, chamada Fortalezas Slow Food.

No meliponário pedagógico, o trabalho envolve também quebradeiras de licuri ligadas à Cooperativa, jovens apicultores e meliponicultores, estudantes da Escola Família Agrícola de Jaboticaba (EFA), além de técnicos em agroecologia do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e agricultores familiares.

A proposta é contribuir para a permanência das comunidades rurais no campo. Organização, busca de novas oportunidades de comercialização e valorização do patrimônio agroalimentar e do território são boas práticas que caminham lado a lado na experiência de melipolinicultura apresentada aqui.

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Manejo de caprinos

O QUE É

Desde menina, a agricultora Maria das Graças de Almeida, conhecida como Dona Gracinha, leva jeito para cuidar dos caprinos. Hoje, ela tem um rebanho forte e bonito, que produz leite mesmo na estiagem, lá no Sítio Girau, onde vive, em Remanso, Semiárido baiano.

Não tem segredo. Tem conhecimento, coragem e investimento. Dona Gracinha combina várias técnicas que garantem água e boa alimentação para o rebanho em qualquer época e, diferente do que reza a tradição, mantém os animais protegidos em suas terras ou no aprisco.

O cuidado com o rebanho rende à criadora um bom leite, que é vendido ou transformado em queijo, manteiga e doces. Dona Gracinha usa parte do esterco produzido em sua produção agrícola e vende o excedente.

“Sempre digo que antes o bode que criava a gente. Hoje, a gente que cria o bode!”.

Para contribuir com o dia a dia no campo, a agricultora possui um aprisco e uma sala de ordenha e, também, um chiqueiro.

 

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Alimentação animal – Ensilagem

O QUE É

O casal de agricultores Cleoberto Teodósio de Souza, mais conhecido como Seu Dóia, e Erivan Xavier de Souza Teodozio não precisa mais comprar ração para alimentar o rebanho, lá no Sítio Curral Velho, em Santana dos Garrotes, no Semiárido da Paraíba.. É que eles aprenderam os benefícios da ensilagem e não querem mais parar.

Hoje, eles mantém 16 ovelhas e 12 reses utilizando o método que ensinam até para grandes proprietários. “É o pequeno ensinando para o grande. Agora, a gente sabe que sabe e pode ensinar também”, conta Seu Doia.

A ensilagem é a produção de silagem, um tipo de alimentação animal feita a partir do processamento de plantas forrageiras por bactérias anaeróbias, ou seja, que não precisam de oxigênio para se desenvolver. A prática é agroecológica e contribui para a conservação do solo, garantindo uma alimentação saudável para os animais e, consequentemente, para a família.

Em períodos de seca, a silagem pode substituir o pasto. “É um alimento que a gente sabe que é de qualidade, porque foi a gente mesmo que produziu”, explica Doia.

Ao produzir alimento orgânico para o gado, o agricultor busca compartilhar o aprendizado. “A prática vem acontecendo aqui porque a gente vem trabalhando em grupo. São dez agricultores engajados e estamos nos organizando para comprar a máquina forrageira”, diz.

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Alimentação animal – Fenação

O QUE É

Com chuva ou sem chuva, Cícero Justiano de Souza tem alimento nutritivo para dar ao rebanho na região onde vive, no Sítio Barra, no município de Remanso, no Semiárido baiano.

Isso é possível porque ele combina as técnicas de fenação e ensilagem para a criação de um banco de ração animal. O diferencial, entretanto, é o planejamento. É planejando, por exemplo, que consegue estocar ração por até seis meses de estiagem.

O plano tem dado certo. A partir de forrageiras resistentes à estiagem, Cícero abastece o banco para as 80 cabras e 30 ovelhas que vivem nas suas terras e nas da Associação de Fundo de Pasto, da qual é presidente.

Mais do que secar e armazenar a forragem para gerar alimento para o rebanho, essa experiência mostra a importância do planejamento, do cuidado com a terra e da integração com outras boas práticas para o fortalecimento da convivência com o Semiárido.

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Agrofloresta sobre barragem subterrânea

O QUE É

Em São José do Sabugi, Semiárido paraibano, a construção de uma barragem subterrânea trouxe muitas melhorias para a família Garcia. A tecnologia pode acumular grande quantidade de água da chuva dentro do solo, promovendo mais qualidade de vida para quem vive no campo. Foi o que aconteceu por lá!

Com ela, o solo desgastado pela monocultura do algodão deu lugar à uma floresta. É o Sistema Agroflorestal (SAF), tipo de manejo da terra que combina árvores com diferentes cultivos agrícolas.

O grande diferencial da experiência é o planejamento e o olhar sistêmico dos agricultores, que fizeram tudo de forma interligada: há uma combinação de diferentes tecnologias sociais que compõem um sistema produtivo agroecológico.

“Para cuidar da água, tem que cuidar do solo. Cuidando do solo, você cuida da vegetação, que faz o ciclo de todo o sistema”, ensina o agricultor Iranildo Araújo de Medeiros, filho de Seu Inácio Garcia de Medeiros.

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Produção de algodão agroecológico

O QUE É

Inovação na forma de produzir um velho conhecido da região. O produto, algodão, já era tradição na Paraíba. O que essa experiência traz de novo é a forma de produzir.

Alexandre Almeida da Silva, atual presidente da Associação Comunitária de Queimadas, na Paraíba, fala do pai, José Sinézio da Silva, para explicar o invento: “Pai ia vendo que quando dava a primeira chuva o bicudo atacava tudo e quando começava o sol mesmo não dava bicudo nenhum. Todo ano ele plantava algodão e começou a fazer as pesquisas dele. O povo ficou assombrado como ele conseguiu produzir sem veneno”.

Atento ao comportamento da natureza, Zé Sinésio notou que o bicudo (pequeno besouro que deposita os ovos no algodoeiro) precisa da chuva para se desenvolver e que ele não ataca os botões do algodão durante a época seca. O agricultor percebeu, também, que o algodão só precisa da chuva para brotar e se sustentar. Depois, não precisa nem de irrigação.

Dessa forma, resolveu fazer diferente: plantar já no meio do período chuvoso, dando um espaçamento maior entre as plantas. Assim, o algodão iniciaria a fase produtiva no final das chuvas. O crescimento já seria na fase de estiagem.

A experiência cresceu e outras pessoas passaram a fazer parte dela. A iniciativa chamou a atenção da Embrapa Algodão, que estimulou os agricultores do assentamento a produzir para comercialização.

Com o acompanhamento e assistência técnica da organização Arribaçã, eles deram início ao projeto Escola Participativa do Algodão e, tempos depois, fundaram a Associação Comunitária do Assentamento Queimadas.

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Alimentação diversificada e segura

O QUE É

“Quando me apresento, eu digo assim: eu sou agricultora observadora, experimentadora e multiplicadora. Porque eu vou para um lugar, observo e, quando chego em casa, experimento pra ver se dá certo. Se dá certo, eu vou multiplicar”, garante a agricultora Maria Aparecida da Silva.

Cida da Silva, como gosta de ser chamada, sempre cultivou o sonho de comer alimentos produzidos por ela mesma.  De tanto experimentar, isso passou a ser possível.

Hoje, ela e seu esposo trabalham juntos na propriedade onde vivem, consumindo e vendendo produtos saudáveis.  Quase tudo o que comem vem do que produzem. Pouco se compra fora e o casal tem acesso a alimentos saudáveis e diversificados.

Em sua propriedade, no município de Porto da Folha, Semiárido sergipano, Cida conta com biodigestor e ecofogão que só precisa de alguns galhos de árvores, palha ou sabugo de milho para funcionar.

Os gastos com botijões de gás não fazem mais parte da rotina da família! “Tô economizando o dinheiro do botijão e ajudando a natureza”, comemora.

Chama a atenção a forma como a experimentadora faz a integração em todo o sistema. A partir de princípios agroecológicos, ela potencializa as vantagens dessas tecnologias.

A família tem também cisternas de consumo humano e calçadão.

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Tecnologias e Inovações – Sementes crioulas
34
PROJETOS APOIADOS
17.809
PARTICIPANTES DIRETOS
264
ORGANIZAÇÕES
MOBILIZADAS
181
EXPERIÊNCIAS SISTEMATIZADAS
92
VISITAS DE INTERCÂMBIO