No início de 2020, o mundo foi surpreendido pela rápida disseminação da COVID-19. No Brasil, as primeiras medidas voltadas para o isolamento social começaram a ser tomadas a partir de março, momento em que os governos estaduais decretaram quarentena e apenas os serviços essenciais mantiveram seu funcionamento. Trata-se, portanto, de um momento único que traz a oportunidade de compreender a repercussão que essa situação tão adversa teve – e continua tendo – na vida das pessoas, o que pode contribuir na construção de alternativas para os impactos causados pela pandemia.

Especificamente sobre as mulheres, alguns estudos foram realizados pela Sempreviva Organização Feminista (SOF) e pela Rede Feminismo e Agroecologia do Nordeste. Tais estudos destacam os impactos que a pandemia gerou – e ainda gera – na vida das mulheres, especialmente no que se refere à sobrecarga de trabalho atrelada às tarefas domésticas e de cuidado. Embora tratem também das mulheres rurais, tais estudos não tiveram por objetivo focar suas análises nesse grupo social específico.

É justamente nesse sentido que os resultados apresentados neste estudo pretendem contribuir, ou seja, na geração de conhecimento quanto ao impacto da Covid-19 em mulheres rurais, focalizado no Semiárido do Nordeste brasileiro. Para conformar essa pesquisa, foram entrevistadas 366 mulheres, técnicas e beneficiárias dos projetos apoiados pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), por meio do Programa Semear Internacional, executado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).