[gtranslate]

N Notícias

Semear Internacional dá início a série de intercâmbios com a África

Primeiro intercâmbio promove troca de experiências sobre a Caderneta Agroecológica, importante ferramenta de visibilidade feminina

16/07/2020

A série de intercâmbios “Brasil & África – Fortalecendo a equidade de gênero entre as mulheres rurais”, idealizada pelo Programa Semear Internacional, teve início essa semana, com o intercâmbio “Disseminação do uso das Cadernetas Agroecológicas: uma experiência de sucesso nos projetos FIDA no Brasil”. Dividido em três módulos, esse primeiro intercâmbio será totalmente realizado em formato telepresencial, em parceria com a ACTUAR – Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento, por meio da plataforma “Alimenta CPLP!”, devido à continuidade da atual conjuntura pandêmica.

O primeiro módulo contou com participantes de Brasil, Portugal, Guiné Bissau, Angola e São Tomé e Príncipe, fortalecendo não só o viés de Gestão do Conhecimento, mas, também, o de Cooperação Sul-Sul, que é também um dos pilares do Semear Internacional. O objetivo do módulo foi promover a troca de experiências de ações para a promoção da igualdade entre os gêneros, sendo apresentados, pelo lado brasileiro, os resultados do uso da Caderneta Agroecológica como instrumento que fortalece a vida das mulheres rurais.

Para Aline Martins, Gerente de Gestão do Conhecimento do Semear Internacional, um objetivo paralelo da ação é a sensibilização das instituições parceiras para a importância do uso das Cadernetas como uma ferramenta política, pedagógica e feminista, capaz de dar visibilidade ao trabalho das agricultoras. “Ao observarmos as análises, notamos a importância de apoiar ações sociais que reforcem o relevante papel da mulher, lançando luz a informações até então subnotificadas e chamando a atenção para a desigualdade de gênero presente no campo.”, pontua Martins. Nesse mesmo sentido, a Coordenadora Geral do Semear Internacional, Fabiana Viterbo, que realizou a abertura oficial do evento, lembrou que as temáticas de Gênero estão entre as prioritárias do Programa.

Como convidados do intercâmbio também estiveram presentes representantes do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, ACTUAR, PAS-STP – Políticas Alimentares Sustentáveis em São Tomé e Príncipe, IFOAM – Organics International e Rede das Margaridas da CPLP, além das consultoras que integram o Grupo de Trabalho de Gênero dos Projetos FIDA no Brasil. Entre as responsabilidades desse GT está o direcionamento para a execução do projeto para o uso das Cadernetas Agroecológicas com aproximadamente mil mulheres rurais que vivem na região semiárida do Brasil.

O público alvo da ação intercontinental são as técnicas e agricultoras beneficiárias dos projetos do continente africano que também são apoiados pelo FIDA, uma vez que a ideia é apresentá-las à Caderneta Agroecológica, assim como a outras ferramentas de empoderamento feminino. De acordo com Júlio Worman, Analista de Programas do FIDA, o principal é exatamente essa troca de conhecimento. “Não precisamos inventar a roda; podemos e devemos, sim, promover a partilha das práticas rurais que já possuem bons resultados. Essa é a nossa primeira iniciativa de intercâmbio com o continente africano e estamos ansiosos”, ponderou ele.

 

Sobre a Caderneta Agroecológica e o conteúdo do módulo 1

Com ativas e importantes intervenções das consultoras Sarah Luiza Moreira, Beth Siqueira e Francisca Maria Sena, a gerente do Semear Internacional Aline Martins fez a apresentação principal do módulo, demonstrando o conceito, o histórico, a justificativa, a finalidade e o uso da Caderneta Agroecológica. Além disso, ela também explicou sobre a metodologia do intercâmbio e sobre os eixos que dialogam com a Caderneta, como segurança alimentar e nutricional, divisão sexual do trabalho e agroecologia, gênero, temas estes que sempre são trabalhados pelo Semear por meio de oficinas, livros, cartilhas e outros intercâmbios.

No curso das suas falas, as quatro porta-vozes compartilharam como tem sido a execução do “Projeto de Formação e Disseminação do Uso Consciente das Cadernetas Agroecológicas”, desde junho de 2019, parceria realizada entre o  Programa Semear Internacional, o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), o Grupo de Trabalho (GT) de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e o FIDA.

A Caderneta Agroecológica foi criada pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata – CTA/ZM, em parceria com o Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas, em 2011, com o objetivo de mensurar e dar visibilidade ao trabalho das agricultoras agroecológicas. A partir da interação com o GT Mulheres da ANA, a Caderneta foi implementada em outras regiões do Brasil. Inspirado nos resultados deste processo nacional, o Programa Semear Internacional, em parceria com o CTA/ZM e o GT Mulheres da ANA, em 2018, levar a Caderneta para os projetos atendidos pelo FIDA no semiárido brasileiro, em 113 comunidades rurais.

Na Caderneta Agroecológica, é registrado o consumo, a doação, a troca e a venda da produção sob responsabilidade das mulheres. Juntamente com os questionários socioeconômicos e os mapas da sociobiodiversidade, são analisados os resultados que apontam, principalmente, a contribuição econômica monetária e não monetária das agricultoras, o papel das mulheres para a segurança alimentar e nutricional, a visibilidade o processo produtivo e não produtivo feminino e o equilíbrio da divisão sexual do trabalho. Tudo isso contribui diretamente para aumentar o empoderamento e a autonomia das mulheres rurais e para a construção de políticas públicas.

 

Sobre os próximos módulos do intercâmbio internacional

O segundo módulo do Intercâmbio “Disseminação do uso das Cadernetas Agroecológicas: uma experiência de sucesso nos projetos FIDA no Brasil” acontecerá no próximo dia 21 de julho, às 9h (horário de Brasília) e terá o objetivo de aproximar as participantes do uso e preenchimento das Cadernetas. Ele também terá debates e uma aguardada conversa com uma agricultora do Brasil que contará sua experiência.

Já o terceiro módulo será no dia 28 de julho, no mesmo horário, e terá a missão de mostrar as possibilidades das análises das Cadernetas e o impacto social na vida das mulheres, apresentando as maneiras de devolver os resultados para as agricultoras e manter o processo animado, contínuo e sustentável. Essa última etapa do intercâmbio também marcará o encerramento da Série “Mulheres Rurais” que contou com diversos webinários e intercâmbios promovidos pela ACTUAR, incluindo este em parceria com o Semear Internacional e FIDA.

Para saber mais sobre as Cadernetas Agroecológicas, acesse o vídeo que foi lançado também essa semana, durante o Intercâmbio com a África: www.portalsemear.org.br/video-suplementar-ao-guia-metodologico/