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Festival das Juventudes encerra apontando desafios para transformação social no campo

Encerrou na manhã deste sábado (17) o Festival das Juventudes – Território de Sobral II. O evento organizado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), através do Projeto Paulo Freire, reuniu cerca de 250 participantes durante três dias na Escola Família Agrícola Padre Elésio Santos, distrito de Balseiros, a 18 km da sede de Ipueiras. O Festival das Juventudes conta com o apoio das entidades parceiras do Projeto Paulo Freire no território: Instituto Antônio Conselheiro (IAC), Cealtru e Cetra.

Na “Carta de Princípios”, a ser entregue a lideranças sindicais e políticas dos seis municípios da região, os jovens com idade entre 15 e 29 anos cobram a atenção de seus representantes e governantes atenção em relação às políticas públicas voltadas ao combate a todas formas de violência contra as mulheres, respeito aos grupos LGTTQ+, geração de emprego e renda, agroecologia e convivência com o semiárido, promoção da igualdade racial e étnica, educação contextualizada, assistência técnica e extensão rural, direito à terra, dentre outros pontos citados pelo documento.

“Não somos a geração dos sofrimentos da seca, da sede e da fome. Colhemos da fartura de muitos que lutaram para construir este presente mais feliz que vivemos, mas temos outras sedes e fomes a serem saciadas”, subscrevem o coletivo de jovens citando ainda a preocupação com possíveis retrocessos das políticas sociais, degradação do meio ambiente e supressão de espaços de debate e participação voltados ao público jovem.

Pelo calendário do Projeto Paulo Freire, está prevista a realização de mais três edições territoriais do Festival (Sobral 1, Inhamuns e Cariri) e uma etapa estadual, motivo pelo qual jovens mobilizadores dos três territórios foram convidados a participarem da primeira edição como convidados. “Gostei muito das atividades com os LGTTQ+. É uma causa que ainda sofre muita repressão e espero que eles se sintam abraçados por todos nós”, observa a jovem mobilizadora Hurana Brito, de 22 anos, moradora da comunidade Sítio Volta, em Aiuaba.

“É importante a realização desse festival aqui porque dá certa visibilidade à proposta da educação do campo e da pedagogia da alternância, além de aproximar esses jovens desse espaço que é a primeira Escola Família Agrícola do Estado do Ceará e do Brasil financiada com recursos públicos”, pontua Ailton Sampaio, presidente da associação Escola Família Agrícola de Ipueiras. “Como também é importante para todos os jovens que estiveram aqui a realização desse festival se utilizando de formatos e metodologias como os painéis, rodas de conversa e oficinas”, eligia.

Movimentos sociais

Na avaliação da assessora do Instituto Antônio Conselheiro (IAC), Amanda Lima, o Festival das Juventudes – Sobral II fez um chamado aos jovens para que eles participem das decisões tomadas coletivamente e que passem a disputar espaços na organização das associações comunitárias e dos grupos comunitários. “Embora sejam apenas três dias, e não dê para transformar ideologicamente todos os jovens, deu para sentir o que essa juventude quer e como pode agir para transformar os espaços sociais onde habitam”.

Amanda lembra ainda que o Festival não é a única ação do Projeto Paulo Freire que busca integrar o público jovem no território e que outras ações, como intercâmbio de experiências, rodas de conversa e seminários, já foram realizadas pelo IAC no período de um ano atuando como entidade prestadora de Assessoria Técnica Contínua (ATC). “O processo de sensibilização e mobilização não tem um fim, ele é processual. Os jovens não foram mobilizados apenas para o festival. Eles precisam estar cotidianamente sensibilizados e mobilizados para apresentarem coletivamente as reivindicações das Juventudes em seus territórios”.

“Nossos técnicos (da Cealtru) também vieram participar desse processo formativo e isso não termina aqui nesses três dias. Também queremos que os jovens, ao retornarem para seus lares, comecem a quebrar paradigmas em suas unidades produtivas familiares e que as comunidades onde essas famílias vivem possam captar essas boas novas que os jovens estão levando para o local onde vivem”, corrobora Audjam Bezerra citando como grande desafio para o meio rural a pauta LGBTTQ+.

Fotos: Marcos Vieira e André Gurjão