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B Boas Práticas na Convivência com o Semiárido

Recursos Naturais
Recuperação e proteção de nascente
O que é

O próprio nome sugere: recuperar nascentes é promover a vida! No Sítio Panelas, a 22 quilômetros da sede de Piranhas, no Semiárido de Alagoas, isso tem sido feito por meio de uma técnica agroecológica de recuperação da mata nativa e da construção de uma barreira de proteção das nascentes.

É lá que mora o agricultor Everaldo Rodrigues da Silva, que reaplicou a tecnologia. No sítio onde vive com a mulher e filhos, foi necessário deixar a mata da Caatinga se recuperar, sem fazer desmatamento e queimadas, para a estratégia ganhar fôlego.

Um dia, Everaldo viu na televisão que a mata no entorno protegia as nascentes e ele resolveu deixar a natureza trabalhar. “A mata nativa foi crescendo e eu fui deixando. Hoje, a água da fonte aumentou. Deve minar em torno de uns três mil litros por dia e dá tudo o que você plantar. Pode até irrigar com ela”, comemora.

Em volta da fonte de água preciosa que existe em sua propriedade, ele construiu uma proteção, pensando no futuro dele e dos seus: “Meus antepassados beberam dessa água e eu não sei se, com o tempo, os meus bisnetos vão precisar beber dela também para sobreviver”.

A recuperação e a proteção de nascentes melhoram o fornecimento de água e fortalecem a biodiversidade local, mantendo as águas limpas e puras, com qualidade para consumo humano, irrigação e dar de beber aos animais.

Municípios Atendidos




Experimentador
Everaldo Rodrigues da Silva

O agricultor Everaldo Rodrigues da Silva é casado e tem dois filhos. Ele trabalham como agricultores familiares em meio a uma diversidade de culturas e animais.

Fale com o Experimentador

Everaldo Rodrigues da Silva
(82) 988-91-1154

Informações sobre a experiência

Seu Everaldo diz que lá é que nem a Arca de Noé. Tem gado, ovelha, cabra, galinha, codorna, cachorro e gato numa área de 112 hectares.

A família possui cisterna de consumo humano, barreiro de trincheira e três fontes de água que usa para irrigação e dar de beber aos animais.

Everaldo afirma que o terreno onde vive tem muita água subterrânea. Mas, como nunca precisou, não chegou a cavar um poço.

Como funciona a experiência

Uma barreira de proteção de nascentes é como uma caixa de coleta, com paredes feitas de pedra, argila e cimento, além de canos que direcionam o fluxo da água.

Para que a nascente seja aproveitada a partir de sua proteção, é preciso que a água infiltrada no solo encontre uma camada de rocha impermeável por onde não consiga mais penetrar. Assim, ela vai se movimentando até encontrar uma saída de escape.

Seu Everaldo revela que a nascente do sítio onde vive vem das serras e desce por gravidade até chegar à fonte de minação. “A nossa nascente é uma veia da água que desce dessa serra e sai aqui embaixo, sai bem rasinha, uns 50 centímetros de fundura, no berço do riacho”.

Implementar

Quem quer implementar essa tecnologia precisa saber que o primeiro passo é recuperar a vegetação em torno da nascente. Isso feito, pode começar a construir a proteção.

Everaldo utilizou oito sacos de cimento, uma carrada de pedra e quatro canos de 100, 50, 25 e 20 milímetros. Foram necessárias três diárias de pedreiro.

As ferramentas utilizadas precisam ser manuais, para não prejudicar a vegetação.

Mãos à obra!

Depois de deixar a natureza se recuperar, não desmatando e nem realizando queimadas no entorno da nascente, o agricultor iniciou a construção.

1º passo – Retirar a lama, restos de galhos e folhas de cima da nascente, até chegar na terra firme. Se tiver água represada, tem que abrir uma vala para escoar.

2º passo – Depois de limpar e cavar uma vala, cobrir a nascente com pedras. Por cima, colocar uma camada de argila e cimento para segurar as pedras e encaixar o cano mais grosso, de 100 mm (milímetros) de diâmetro. O cano ficará aberto até o fim do trabalho para que a água possa escoar sem atrapalhar a construção. Quando a proteção estiver pronta, este cano será tampado e utilizado apenas para a limpeza da nascente.

3º passo – Após a instalação do primeiro cano, colocar mais argila e cimento para, só então, colocar o segundo cano, 20 centímetros acima. O segundo cano é o de saída da água para o córrego. Ele pode ter 25, 32 ou 50 mm, dependendo do volume de água.

4º passo – Levantar as paredes, formando uma caixa de pedra. Perto do segundo cano, colocar o terceiro, de 50 mm, que servirá para escoar o excesso de água e evitar o rompimento da parede.

5º passo – Cobrir a caixa de proteção com uma laje feita de pedra, cimento e argila. A cobertura pode ter uma abertura na parte superior, com tampa removível semelhante à de uma caixa de gordura, para facilitar a limpeza. Ou ela pode ser toda fechada, como a de Seu Everaldo, que encaixou um cano de 20 mm na vertical, por onde faz a limpeza da nascente três vezes por ano.

Outra dica é usar um reservatório para guardar e tratar a água destinada ao consumo humano.

Adiantou de quê?

Proteger as nascentes contribui para o fornecimento de água limpa para diversos fins, do consumo humano à irrigação.

O agricultor conta que após a mata ter se recuperado em volta, a água voltou a minar com mais volume e mais qualidade, sem problemas de sal. Antes, era tão salgada que, depois de molhar algumas mudas de goiaba, todas morreram.

Com a recuperação da mata nativa, o Sítio Panelas passou a ter sombra para abrigar animais que voltaram a circular no local. As pessoas também tiram proveito do sombreamento, em meio ao sol quente do sertão.

A Caatinga se fortaleceu e vem se regenerando. “Tem passarinho que você hoje em dia só vê na gaiola, mas vê solto aqui no Sítio Panelas. A gente ouve os cantos dos pássaros. Isso é gratificante demais. Tem gente que vem tentar capturar os passarinhos e eu digo que não faça isso porque eles são meus. São do Sítio Panelas e quero eles soltos na natureza. ”, conta.

Desenrolar da História

Seu Everaldo relata que quando chegou ao sítio Panelas, onde vive hoje, a nascente minava aproximadamente mil litros d’água por dia. Para não deixar que alguns pés de goiabeiras que estavam lá morressem, decidiu “aguar com água da fonte”. É assim que ele chama a nascente.

Não deu certo. As plantas morreram. Depois, ele foi descobrir que era por causa do teor do sal, que era muito alto. “Aqui era tudo desmatado. A margem do riacho só via o leito, não tinha um pé de pau nenhum”, complementa.

O tempo foi passando e, num dia, Everaldo viu uma reportagem na televisão que mostrava como a mata protegia as nascentes. Com o aprendizado, foi deixando a mata se refazer. “Hoje a água da fonte aumentou. Deve minar em torno de uns três mil litros por dia e dá tudo o que você plantar. Pode irrigar com ela. Já irriguei coentro, cebola, alface, pimentão, tomate quiabo, milho, feijão, já testei tudo e a água tá boa”, relata.

A proteção da nascente feita com pedras, cimento e cano foi uma técnica apresentada ao agricultor pelo Centro Xingó de Convivência com o Semiárido. Com o apoio do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) e do Centro, ele reaplicou a tecnologia.

“Na época, trouxeram umas fotos das tecnologias que eu poderia escolher. Eu escolhi quatro e uma foi a proteção de nascente. A partir daí comecei a ver na internet como era que fazia, né? Mas é muito bom. Você tem uma água filtrada que quando corre no cano, corre filtradinha, bem limpinha”, destaca.

A preocupação com a Caatinga e seus recursos naturais é algo que ele passa para a frente, multiplica: “Sempre ensinei a meus filhos que em primeiro lugar é a roça. O lugar melhor de viver é no nosso sertão”, diz.

Quem apoia

Esta experiência conta com o apoio do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) e do Centro Xingó de Convivência com o Semiárido.

Contatos:

Centro Xingó de Convivência com o Semiárido
(82) 9 9905-8754

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Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS)
(61) 3364-6005/ (82) 3313-4130

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