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B Boas Práticas na Convivência com o Semiárido

Organização Comunitária
Gastronomia e Ecoturismo

À esquerda, foto do restaurante rural Vó Maria; à esquerda, piquinique na Mata Pau Ferro.

 

O que é?

Vamos ver como a participação dos jovens, sua capacidade de iniciativa e entusiasmo, marcam o início de um projeto que progressivamente foi diversificando suas práticas produtivas e somando ao empreendimento um conjunto de vários serviços.

Na comunidade Chã do Jardim há um restaurante de comidas típicas da região, que usa matéria prima produzida pela própria comunidade, além de uma fábrica de polpa de frutas, loja de artesanato, o oferecimento de trilhas e piqueniques na Mata Pau Ferro, e oficinas de compostagem e artesanato na folha da bananeira.

Todas essas ações transformaram a comunidade em uma rota de turismo rural, que além de valorizar a produção advinda da comunidade, também gera renda para os seus moradores/as.

 

Onde aconteceu?

 

Esta experiência está localizada no Território da Borborema na cidade de Areia, estado da Paraíba.

 

Como aconteceu?

Na comunidade, vivem aproximadamente 200 famílias de agricultores e agricultoras familiares que encontraram em seus jovens os/as protagonistas nesse caso de sucesso em termos de turismo rural.

A Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Chã de Jardim – ADESCO tem como base as ações que, desde 1996, eram realizadas por um grupo de jovens vinculados à igreja católica na comunidade Chão do Jardim.

Pela história do grupo, sua capacidade de organização e mobilização, eles foram procurados pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB para, em parceria, reativar uma fábrica de produção de polpas de fruta que tinha sido inaugurada no ano 2000, mas não estava operando. Foi aí que tudo começou!

 

Como implementar?

Vamos conhecer o caminho trilhado por esses jovens, que pode servir de exemplo e inspiração para muitas outras comunidades. E nesse caminho, um aspecto que salta à vista para favorecer o sucesso destas experiências são as parcerias.

Junto com a UFPB, estava o SENAR, que ministrou um curso sobre associativismo tendo como resultado a constituição da Associação (2006). De maneira complementar, ofertado pela mesma entidade, 20 jovens participaram do primeiro curso de trilha ofertado pelo SENAR. Após o curso de trilha, esses vinte jovens começam a ganhar alguns recursos fazendo trilha na Mata Pau Ferro, que fica localizada em frente a comunidade Chã do Jardim. Em 2007, o grupo de jovens, articulados com a UFPB, visitou uma fábrica de polpa no município de Areia o que os motivou a iniciar o processo de reativação da fábrica de polpa, até então com suas atividades paradas. Neste mesmo ano, os jovens participaram de um curso de empreendedorismo e comercialização oferecido pelo SEBRAE, o que os motivou ainda mais a construir essas ações.

Ainda em 2007, começam a trabalhar com o artesanato da folha da Bananeira. Antes o artesanato produzido por eles era feito com folha de jornal, e durante um dos cursos do SEBRAE foi proposto trabalhar com a folha da bananeira. No caso especifico da folha da bananeira, o trabalho foi desenvolvido pelas mães dos jovens, gerando uma nova opção de renda para elas.

Durante os anos de 2006 a 2008, com a fábrica de polpas funcionando, todos os recursos adquiridos foram revertidos na própria fábrica. Essa decisão tomada coletivamente afastou alguns membros, pois, segundo Luciana, eles vendiam e queriam dividir os lucros.

No ano de 2010 a produção de polpa de fruta passou a ser o carro chefe da geração de renda da comunidade, e dois anos depois, o SEBRAE os instigou a apresentarem uma proposta de desenvolvimento para a região.

Neste momento, tiveram a ideia de abrir um restaurante rural. Segundo Luciana, Presidente da Associação, ao comentar isso em uma das reuniões do grupo, ela foi chamada de doida. No entanto, ela conseguiu convencer alguns membros da sua família que acreditaram na ideia. Mas faltava uma coisa: dinheiro! Foi aí que Luciana, junto com mais duas pessoas, conseguiram acessar o PRONAF Estiagem gerando uma capital de R$ 10.500,00.

Com esse capital, no ano de 2013 conseguem abrir o restaurante. No primeiro mês venderam, em média, 200 almoços por semana. Ao final do mês eles somavam tudo, retiravam as despesas e dividiam o restante. Fizeram isso até 2015, quando Luciana procurou um contador e providenciou a abertura de uma microempresa. A partir desse momento passam a assinar a carteira de quem trabalha no restaurante e na fábrica da polpa de fruta.

Além destas conquistas, o aumento da renda lhes permitiu melhorar a infraestrutura do restaurante e da fábrica de polpa. Atualmente vendem cerca de 5.000 refeições por mês. Para chegar a esse patamar, outras parcerias foram importantes, como o projeto COOPERAR do Governo do Estado, no qual foram contemplados em 2014, o que lhes possibilitou comprar um carro para escoar a produção de polpa, bem como maquinário para a fábrica.

 

Hoje a comunidade oferece diversos serviços, gastronomia, ecoturismo, artesanato e outros.

 

Com parcerias e inovação, a iniciativa se tornou referência!

Além das boas ideias e iniciativas, a exemplo da fábrica de polpa e trilhas (2006), artesanato com a folha da bananeira (2008) restaurante rural (2013), a constituição de parcerias foi fundamental para a realização desse projeto, a exemplo da UFPB para a constituição da fábrica de polpa de fruta, do SEBRAE e SENAR com os curso e do governo do estado com recursos para materiais e infraestrutura através do projeto COOPERAR.

Com tudo isso, veio a oportunidade de inovar com a adoção da prática de turismo rural como nova oportunidade de renda, a qual tinha como agentes diretos da ação os jovens locais. Essas ações passaram a fortalecer a comunidade, e para o seu desenvolvimento, contaram com recursos e assessoria do SEBRAE.

Hoje, quem visita a comunidade Chã do Jardim, pode se pode se alimentar em um restaurante de comida típica da região (restaurante rural Vó Maria), cuja matéria prima é produzida pelos agricultores e agricultoras familiares agroecológicos da própria comunidade. Além disso, o turista também pode conhecer a linha de produção de polpa com frutas da época, também fornecidas por agricultores e agricultoras familiares, e participar de trilhas e piqueniques na reserva ambiental Pau Ferro.

Os piqueniques são organizados por um roteiro previamente estabelecido, com alimentação e música ambiente, intercalados por uma caminhada e uma oficina de compostagem com os rejeitos dos produtos usados no restaurante e na fábrica de polpas.

Assim, por iniciativa do protagonismo juvenil, a comunidade, além de diversas atividades produtivas, se consolida também como uma rota de turismo rural.

 

O que mudou?

Já vimos até aqui como essa diversidade de ações e o Turismo Rural mudou a realidade de muitas famílias na comunidade Chã do Jardim, e aqui vamos destacar mais algumas delas e evidenciar ainda os aspectos que fizeram dessa uma experiência de sucesso.

 

  • A experiência hoje é uma atividade consolidada, caminhando com suas próprias pernas, principalmente porque a ADESCO conta com o apoio profissional em alguns segmentos a exemplo da logística para entregar seus produtos, assessoria contábil e jurídica e psicológica para ajudar no desenvolvimento das atividades na comunidade.
  • Nessa trajetória, a participação da família foi um elemento central para o desenvolvimento do projeto, principalmente no apoio e incentivo das atividades na comunidade. Um exemplo desse processo é o artesanato feito com a folha da bananeira e o restaurante rural Vó Maria.
  • Outro elemento que se destaca nessa experiência é o papel dos jovens e o reconhecimento de suas habilidades, o que os leva a desenvolverem tarefas específicas. Outro ponto forte é a capacidade que os jovens têm de criar oportunidades de mercado, a exemplo do restaurante e das trilhas, entre outros descritos acima.
  • Como pontos positivos ficaram evidentes a organização e a divisão de trabalho, diversidade e integração de atividades, valorização do conhecimento tradicional e fortalecimento da identidade local.
  • Além disso, é importante que a organização dedique ainda mais esforços no cuidado da Mata Pau Ferro com ações de formação dos turistas, convidando-os a fazer parte da preservação deste ativo natural do território.

Com empenho e vontade de fazer acontecer, tudo isso somado a parcerias importantes, a comunidade conseguiu consolidar a sustentabilidade de suas ações.

 

Quem faz a experiência?

Essa é a experiência da Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Chã de Jardim (ADESCO), no município de Areia/PB.