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B Boas Práticas na Convivência com o Semiárido

Organização Comunitária
Artesanato

Mulheres que trabalham com o bordado richelieu, tradicional no estado de Sergipe.

 

O que é?

Essa é uma experiência de mulheres artesãs de Sergipe, que trabalham um dos mais bonitos bordados do estado, o richelieu. Grande parte do bordado desse município nasce das mãos talentosas dessas mulheres do povoado Nova Brasília.

Com trabalho conjunto e o estabelecimento de parcerias importantes, elas conseguiram fortalecer o associativismo no local, melhorar a renda e ajudar a desmistificar o pensamento de que bordado é uma atividade só para mulheres.

 

Onde aconteceu?

 

Essa experiência acontece na Associação de Bordadeiras e Moradores do Povoado Nova Brasília, em Tobias Barreto, município do Centro Sul sergipano.

 

Como aconteceu?

Composto majoritariamente por mulheres que têm no bordado a sua principal fonte de renda, o grupo é organizado pela Associação de Bordadeiras e Moradores do Povoado Nova Brasília.

São diferenciais desse grupo a qualidade e a singularidade das peças, cuja produção é feita de forma coletiva e colaborativa – cada peça passa pelas mãos de várias artesãs até chegar ao produto final. Outro diferencial importante é a participação de homens e mulheres jovens, exemplo de sucessão de trabalho e cultura para jovens do semiárido.

A tradição desse tipo de bordado é sustentada pelas tobienses há mais de meio século. Por volta dos anos de 1950, iniciavam-se os trabalhos do bordado richelieu no povoado Nova Brasília, trazido pelas senhoras Iracema Geralda dos Santos, Maria Ferreira e Normiza Andrade de Jesus, que repassaram a técnica do bordado para um grupo de interesse de caráter informal constituído por mulheres da comunidade.

 

Como implementar? 

Além de desenvolver o artesanato, as mulheres também sentiram a necessidade de se unirem e somarem forças para concretizar seus sonhos.

Assim, a partir de 2006, as artesãs passaram a se organizar na Associação de Bordadeiras, com apenas nove pessoas associadas que participavam e pagavam uma pequena mensalidade para manter o trabalho. Desde então a Associação tomou novos rumos, formando esse grupo que hoje conta com mais de 130 pessoas associadas, entre mulheres e homens, e que cresce a cada dia.

A história da Associação é de muita busca por melhorias! Através do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), conseguiram realizar vários cursos na área dos bordados; por meio da Empresa de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Sergipe (PRONESE), através do Projeto de Combate à Pobreza (PROSPERAR), conquistaram a construção da sede da associação, máquinas de costura e suprimentos como linha, agulhas e bastidores.

Pelo Banco do Brasil e Banco do Nordeste acessaram o financiamento do Pronaf B para compra de mais algumas máquinas e matéria-prima. Construíram parceria com a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro), que desde o início do grupo auxilia as mulheres com orientações técnicas.

Para participar de feiras, contaram com a prefeitura do município de Tobias Barreto, que disponibilizou estandes em feiras de artesanato no próprio município e em outros – vizinhos, além de custear o deslocamento.

Outro parceiro importante foi o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Tobias Barreto, que tornou possível a ligação da associação com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), oferecendo cursos de inclusão digital – para os jovens –, empreendedorismo rural, doces e salgados, horticultura e ovinocultura, e gestão participativa.

 

Mais uma parceria que fez a diferença!

 

Mulheres da Associação exibindo alguns de seus produtos.

 

Mesmo com tantos apoios, a Associação de Bordadeiras e Moradores do Povoado Nova Brasília tinha poucas máquinas para um grupo grande de mulheres. “Em uma casa tínhamos duas ou três artesãs para uma máquina”, diz a presidente da Associação, Kelly de Melo Santos.

Ela conta que a deficiência foi superada com a conquista do projeto, por meio do Dom Távora, que financiou a aquisição de 64 novas modernas máquinas de costura e bordado, bem como matéria-prima (tecidos e aviamentos).

Além disso, o grupo recebeu também do Projeto Dom Távora: Oficinas para capacitação, realização de seminário de associativismo e cooperativismo, curso de gestão agrícola e não agrícola; Oficinas de artesanato realizadas no povoado; Participação em Encontro Territorial e Estadual de Mulheres (sobre a valorização das mulheres no mercado de trabalho); Participação em Seminário em Aracaju, no Museu da Gente Sergipana, para a exposição das bolsas que foram produzidas na Oficina de Artesanato; Participação no I e no II Encontro de Jovens Rurais do Semiárido, realizados pelo Programa Semear e Semear Internacional.

A presidente da Associação das Artesãs conta que, com a chegada do Projeto Dom Távora, o grupo vem conseguindo alcançar os objetivos pretendidos, como aumentar a renda das mulheres, promover a sucessão do artesanato, produzir em maior quantidade e qualidade, e conseguir um mercado fixo para venda dos produtos. Hoje, o trabalho de bordar se tornou mais atrativo para todos da comunidade, mesmo para os jovens, e um espaço de inclusão social onde vem diminuindo o preconceito de que “renda é coisa de mulher”

“Já temos 10 meninos inseridos no processo do bordado, sendo que um deles já atua profissionalmente”, disse orgulhosa Josivania Menezes, uma das integrantes do grupo.

Com os investimentos do Projeto Dom Távora, as mulheres conseguiram fortalecer o associativismo e aumentar a renda, além de conseguir encontrar melhor suas potencialidades e deficiência, e gerir tudo isso da melhor forma.

Agora, vamos ver o passo a passo para a criação dessa renda que é composta de várias etapas:

 

Como destaca a artesã Gilvanda Correia de Andrade Silva: “São vários processos: o corte do tecido e o desenho, aí vem outra pessoa que vai fazer o bordado cheio, aí a outra vai abrir o richelieu e outra vai fazer o bordado com brilho industrial, e por último vem a costura e o acabamento. Uma pessoa só levaria dois dias e meio para fazer uma peça detalhada”.

Porém, unidas, trabalhando em conjunto, elas conseguem diversificar a produção e produzir mais.

 

O que mudou?

Com dez anos de fundação, e todo o esforço para que o sonho se tornasse cada vez mais real, o projeto das artesãs já apresenta resultados importantes, vejamos alguns:

  • Melhoria e diversificação dos produtos;
  • Mudanças na forma de pensar, principalmente dos jovens e mulheres. Despertando a consciência sobre a importância do papel da mulher no mercado de trabalho e na composição da renda familiar, além da sensibilização acerca da importância do papel do(a) agricultor(a) e de como a cultura do bordado enriquece a comunidade e região;
  • Mostrou como a gestão e o planejamento são importantes para a conquista dos objetivos, tanto pessoais quanto coletivos;
  • As capacitações oferecidas pelo projeto Dom Távora motivaram de forma positiva toda a comunidade, pois os 64 beneficiários(as) participaram de, pelo menos, alguns dos eventos e puderam multiplicar informações entre as demais pessoas – beneficiárias indiretas -. Com isso, muitos jovens procuraram o grupo para se associarem, pois viram os resultados que o projeto trouxe para a comunidade.
  • Foram 64 beneficiários(as) diretos(as) e 256 indiretos(as) das ações do Projeto Dom Távora. Mas, de forma geral toda a comunidade foi beneficiada, pois as 64 famílias que receberam matéria-prima precisavam de mais pessoas para auxiliar na produção, gerando trabalho para cerca de 600 pessoas na região.

Começando com um pequeno grupo de mulheres, que foi se expandindo e mostrando que era possível, a Associação de Bordadeiras e Moradores do Povoado Nova Brasília vem fortalecendo a tradição do bordado richelieu na região e melhorando a renda e a qualidade de vida de muitas famílias.

 

Quem faz a experiência?

Essa é a experiência da Associação de Bordadeiras e Moradores do Povoado Nova Brasília, município de Tobias Barreto/SE.