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B Boas Práticas na Convivência com o Semiárido

Organização Comunitária
VALORIZAÇÃO DAS MULHERES NO CAMPO E SEGURANÇA ALIMENTAR – Assentamento Vista Alegre – Piauí

No Assentamento Vista Alegre, município de Oieiras-PI, está localizada a Associação de Moradores e Produtores Rurais da Comunidade Vista Alegre, beneficiária do Projeto Viva o Semiárido (PVSA).

Ao tomarem conhecimento do Plano de Investimento Produtivo (PIP) que estava sendo preparado pelos homens da associação, para ser apresentado ao Projeto, as mulheres do assentamento não perderam tempo e propuseram  inserir no plano a produção irrigada e retomar esta atividade, que um dia já havia feito parte da rotina do assentamento.

Antes do apoio do PVSA, por meio da produção irrigada, as mulheres cuidavam do cultivo de melancia para consumo e comercialização. A maior parte da produção era comercializada para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da CONAB, não diretamente, mas por meio da parceria com outra comunidade da região que tinha um contrato de fornecimento. Entretanto, os altos custos com o sistema de irrigação, devido a ausência de um medidor de energia para irrigantes com tarifa verde, bonificada, além de não ter um bom conhecimento sobre o cultivo da melancia, inviabilizaram a atividade,  e fez com que mantivessem apenas pequenas hortas para consumo próprio.

Com a perspectiva do PIP para a comunidade, viram a possibilidade de retomar a produção irrigada, com melhor estrutura, com foco não somente na geração de renda, mas principalmente na melhoria da segurança alimentar de suas famílias.  Com a aprovação do plano pelo PVSA, seus esforços foram compensados!

Cada uma das 24 famílias lideradas por estas mulheres recebeu um kit de irrigação e o grupo recebeu 01 caixa de água com capacidade para armazenamento de 10 mil litros  e 01 sistema de irrigação que possibilita o abastecimento de cada kit, instalado nos canteiros de produção, além de contar com a Assistência Técnica (AT) da EMPLANTA, que atua como prestadora de serviço de AT junto ao PVSA.

Desde a chegada e instalação dos kits já foram realizados 2 ciclos de colheitas além de diversificar os cultivos. Como relata a Sra. Albertina Nogueira da Costa, Presidente da Associação, se produziu aipim, banana, milho, cana, cebola, coentro, abóbora e batata.

Segundo Rita Pereira, antes da produção irrigada, a alimentação das famílias não contava com produtos como tomate e pimentão, por não serem produzidos na comunidade, nem terem recursos financeiros para sua aquisição. “Agora, nossa alimentação melhorou muito devido à grande variedade de produtos que produzimos”, ressalta.

A melhoria não foi somente em termos de consumir produtos de qualidade, uma vez que esses cultivos não utilizam defensivos nem adubos químicos, mas técnicas agroecológicas baseadas no uso de defensivos naturais e esterco dos animais da comunidade elevar a variedade de alimentos disponíveis, mas também na renda das famílias, como destaca a produtora Marineide Alves dos Santos. Com a colheita dos 02 primeiros canteiros de coentro e banana, ela garantiu uma renda de R$ 320,00 somente com a comercialização do excedente, sem contabilizar os ganhos com a redução de recursos necessários para a compra de alimentos nas feiras e mercados locais.  Com esta renda, as mulheres relatam que agora podem adquirir outros itens, não somente àqueles destinados à alimentação da família, como por exemplo, material escolar e roupas para seus filhos, além de não sofrerem tanto com a escassez de recursos para suprir suas necessidades básicas.

As vendas são realizadas na cidade vizinha, “batendo” de porta em porta na casa dos moradores locais, além de entregarem em mercados da região, destinados à venda de legumes, verduras e frutas. Todos estes contatos são realizados diretamente pelas produtoras.

Juntas, estas mulheres pretendem chegar ainda mais longe.  Planejam no futuro liderarem uma feira agroecológica no município, aonde comercializarão semanalmente seus produtos, melhorando ainda mais a renda das produtoras e proporcionado, não somente para suas famílias, mas para todos os moradores da região, o acesso a alimentos saudáveis a um preço justo.